Arumã
O povo baniwa é bastante conhecido pelos trançados sofisticados que produzem com a fibra do arumã. Os produtos mais vendidos são cestos, peneiras e luminárias utilizados como objetos de decoração. No encontro com a designer Lorena Cirino, os artesãos do grupo Cestaria Baniwa de Rio Preto da Eva, no Amazonas, foram desafiados a criar o que ainda não haviam feito: produtos de moda.
As bolsas foram desenvolvidas a partir da transformação dos cestos que já confeccionavam, seguindo conselhos de Lorena. Com uma nova funcionalidade, possuem um acabamento cuidadoso para serem confortáveis de usar. O tradicional abano utilizado para avivar o fogo e virar o beiju também ganhou um novo formato pelas mãos do pai da família, estimulando a imaginação de quem o vê. Os produtos foram desenvolvidos de forma individual pelos artesãos e, por isso, receberam o nome de quem os concebeu. Inteiramente originais, esses objetos carregam a memória ancestral baniwa e abrem novas possibilidades justas de comercialização.
Cestaria Baniwa
O grupo Cestaria Baniwa é constituído por 25 pessoas de uma mesma família e se dedica ao artesanato com a fibra do arumã. Apesar de o trançado de arumã ser tradicionalmente uma função masculina, as mulheres são as protagonistas no grupo, tanto na difícil coleta da matéria-prima como na produção dos trançados.
Eles moram na Aldeia Beija-flor, localizada na área urbana do município Rio Preto da Eva, a 57 quilômetros de Manaus. Nessa aldeia vivem aproximadamente 500 pessoas de 12 etnias indígenas e o artesanato é a principal fonte de renda das famílias.
O Povo Baniwa é de língua Aruak e se encontram no estado do Amazonas, no Brasil, na Colômbia e na Venezuela. A população estimada é de 12 mil pessoas, sendo que quatro mil vivem em território brasileiro. Possuem como principal atividade a agricultura da mandioca-brava e a pesca. A diversidade de modelos de cestos e peneiras produzidas pelos baniwas tem forte relação com a mandioca, pois são tradicionalmente utilizados pelas mulheres nas roças e na preparação de alimentos, como o beiju.
TÉCNICA
O arumã precisa ser preparado antes de ser trançado. Os colmos são raspados com um facão e podem ser pintados ou não. Tradicionalmente, os Baniwa utilizam a cor natural, o preto do carvão vegetal e o vermelho do urucum, que são misturados com a resina de árvores, como o ingá, para a fixação. Após a pintura, as talas (ou tiras) são separadas com grande habilidade técnica utilizando facas, mãos, boca e pés para que tenham tamanho uniforme. Atualmente outras cores são utilizadas por meio de corantes sintéticos.
TRANÇADO E GRAFISMO
Você reparou como os trançados das bolsas são diferentes? Os Baniwa realizam vários tipos de trançados, que são aplicados a cestas e objetos dependendo do seu uso ou para embelezar. Os tipitis utilizados para espremer a massa de mandioca, por exemplo, têm trançados específicos para que possam cumprir sua função. Ao combinar talas coloridas com os tipos de trançado, os Baniwa criam grafismos geométricos com significados simbólicos, conhecidos como sílabas gráficas. Cerca de 27 sílabas gráficas já foram catalogadas.
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