Nov’Arte

As peças criadas pelo encontro entre a designer Bárbara Müller e os artesãos da Nov’arte tiveram como inspiração a história do grupo e a natureza de Novo Airão, no estado do Amazonas. No processo criativo, Bárbara convidou os artesãos a visitar locais de importância histórica e cultural para o grupo, como os estaleiros em Porto Rican e Porto da Vassoura. O grupo também visitou o Espaço Ekobé, uma reserva da Fundação que possui 32 hectares de floresta nativa. Durante a exploração, os artesãos foram estimulados a fazer registros fotográficos e a coletar materiais que considerassem interessantes para elaborar painéis inspiradores. 

A flora é representada pelas folhas do tajá e da vitória-régia, abundantes na floresta amazônica. Os animais, quase todos aquáticos, revelam a relação próxima dos artesãos com os rios e lembram a trajetória do grupo, que ficou bastante conhecido por recriá-los na madeira. Mas é com as embarcações que a história da Nov’arte se funde com a de Novo Airão. O grupo teve início com a formação de artesãos para reaproveitar as sobras de madeira da indústria naval, importante atividade econômica para o município.

A criação de Unidades de Conservação na região de Novo Airão sem um diálogo com a população, na década de 1980, trouxe conflitos sociais e dificuldades para os moradores locais. Sem poder extrair matéria-prima da floresta e obrigados a deixar suas terras, famílias inteiras perderam sua fonte de sustento. Como alternativa, o turismo ecológico e o artesanato se tornaram uma forma de geração de renda e de preservação cultural para essas comunidades.

Em 1997, o manauara Miguel Rocha da Silva e o suíço Jean-Daniel Vallotton idealizaram a implantação de um centro de formação profissional para a população da região de Novo Airão. O objetivo era ensinar o ofício da marcenaria, enfatizando as técnicas do entalhe e marchetaria por meio do reaproveitamento das madeiras descartadas pela indústria naval. Com o crescimento do número de artesãos e a intensificação da produção, eles sentiram a necessidade de fundar uma associação que defendesse seus interesses e de ter um ponto de venda. Criaram, então, a Associação de Produtores Nov’arte em 2001 e, após um longo período de formação sobre trabalho associativo e cooperativo, formalizaram-se em 2009. A associação já participou de feiras nacionais e internacionais e ganhou vários prêmios. Atualmente, a associação é composta por 26 mestres e 16 ajudantes. 

Vitória-régia

A vitória-régia (Victoria amazonica) é uma das maiores plantas aquáticas do mundo. Suas folhas podem chegar a 2,5 metros de diâmetro e são capazes de suportar até 40 quilos. O nome vitória-régia foi dado por um explorador alemão a serviço da coroa britânica em homenagem à rainha Vitória, no século XIX. Localmente, a planta é conhecida por outros nomes que indicam a sua importância para os povos amazônicos. Devido à semelhança de suas folhas com o forno de fazer farinha de mandioca, é chamada de forno-de-jacaré, forno-de-jaçanã ou forno-d’água. Dos rizomas comestíveis veio o nome cará-d’água e do amido obtido de suas sementes, obtém-se o milho-d’água.